domingo, 15 de junho de 2008

O que Aristóteles entende por amizade?



Para Aristóteles, a amizade é acima de tudo uma virtude, ou pelo menos implica em atitudes virtuosas, não é apenas necessária, mas principalmente é nobre.
As principais características de uma amizade verdadeira são o convívio, semelhança, tempo e intimidade.
Vários são os exemplos de amizade dados pelo nosso Autor no decorrer de sua obra “Ética a Nicômaco”.
Mesmo os mais ricos necessitam de amigos para viver, por outro lado, Aristóteles afirma que é na pobreza que os homens descobrem quem realmente os quer bem.
A Amizade pode ter em vista o bem, o prazer ou ainda à utilidade. “Os que amam pelo que é bom para eles mesmos, e os que amam por causa do prazer, amam em virtude do que é agradável a eles, e não na medida em que o outro é a pessoa amada, mas na medida em que é útil ou agradável”.
Assim, a amizade calcada no prazer existe apenas enquanto proporcionar algum prazer à pessoa, quando tal encerra, cessa-se também a amizade, logo, esta não é uma amizade verdadeira, mas sim tão somente por interesse prazeroso. Idêntico ocorre quando a amizade é calcada pela utilidade, acabando esta, cessa também a amizade.
Exemplos podemos citar: na amizade por prazer temos a dos jovens que se apaixonam e desapaixonam com muita velocidade; na amizade por utilidade, podemos observa-la nos bandidos que tornam-se amigos para um determinado fim ou mesmo vantagem. “Amizade que se baseia na utilidade é própria das pessoas de espírito mercantil”.
Ainda, uma amizade baseada na utilidade o amigo usa o outro em seu próprio benefício, surgindo as queixas e censuras unicamente nesta forma de ligação.
Mas como dito, para Aristóteles “a amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons em si mesmos”.
Estes agem assim em virtude de sua própria natureza, sem exigir qualquer coisa em troca, logo, tal amizade será duradoura.
Não se pode negar aqui que uma amizade baseada neste princípio não será prazerosa ou mesmo útil, no entanto esta não é a intenção principal.
Uma amizade verdadeira pressupõe convívio, familiaridade, intimidade, pois a convivência contínua faz bem para ambos, e estar sempre perto de pessoas assim eleva a alegria e a felicidade do homem, “nada é mais característico dos amigos do que o convívio”.
Outrossim, a distância nunca cessará uma amizade, no máximo a interromperá.
Aristóteles entende que somente os bons podem possuir uma amizade verdadeira, pois o convívio entre tais é sempre agradável.
Já os maus ou mesmo os acrimoniosos têm mais dificuldades em fazer amizades pois o convívio com uma pessoa desta não é prazeroso.
Entre iguais, é mais um requisito para uma real amizade segundo Aristóteles, pois somente dois homens em pé de igualdade possuem os mesmo interesses e trejeitos, quando a amizade é entre superior e inferior, seja lá qual o conceito de Aristóteles para tais termos, a afeição não será verdadeira nem permanente.
Os amigos repartem tudo, sejam os bens, sejam as cumplicidades.
Toda amizade envolve uma associação, os amigos tornam-se companheiros de viagem.
O amigo é para Aristóteles uma espécie de outro “eu”.
Mas uma amizade verdadeira calcada na bondade também acaba? Aristóteles responde que sim, quando nosso amigo se revela mau, pois só se pode amar o que é bom.
Portanto, resumidamente Aristóteles reconhece que existem amizades por prazer ou utilidade, e todos nós a temos e devemos ter, pois vivemos em sociedade de dependemos de serviços prestados por outras pessoas.
No entanto, a verdadeira amizade é baseada na cumplicidade e benevolência entre os amigos, sem querer nada em troca, apenas pelo prazer da companhia, e somente esta amizade é duradoura.


2 comentários:

Cássio Augusto disse...

Vlw pela referência cara... flw!!!

Pedagogo Alex disse...

Blza, fera...