sexta-feira, 27 de março de 2009

Sobre a amizade



As pessoas sem grandeza de espírito jamais poderão desfrutar de uma autêntica amizade, aquele tipo de amizade em que um pode confiar ao outro a própria vida.
Não é sem razão, portanto, que a verdadeira amizade é tão rara.

Talvez, por isso, se diga com razão que "o cão é o melhor amigo do homem" (pois poucos homens são capazes de tanta grandeza e afeição).
Para ser um bom amigo ou para amar, é preciso ser pleno.
As pessoas que têm caráter nobre sentem-se naturalmente atraídos pela virtude e, por isso, se ligam.
Homens vis e baixos podem ser comparsas, mas nunca amigos no sentido pleno do termo, porque a "philia" (a amizade) é algo que engrandece, e entre os seres desprezíveis - e mesmo entre os fracos de virtude - não há lugar para belos sentimentos (em algum momento, a traição, o egoísmo, a ambição ou o simples descaso fará ruir a relação).
Em suma, a amizade é o bem maior, é o amor maior, é a certeza de que, embora cada um de nós seja mesmo um "transmundo" para o outro, como diz Nietzsche, é possível (e só quem tem uma amizade assim sabe disso) sentir-se acompanhado nessa existência.

Afinal, só se sente verdadeiramente só quem não pulsa, quem não é capaz de um afeto, quem não está profundamente ligado à vida.


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