sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Amizade


Minha carne integrará a terra
Nas cinzas do meu corpo extinto.
Com ela fará eterna simbiose.
Será parte dos seus ossos, sangue e saliva,
Como se fosse um organismo único.

Que não se ouça choro de viúva ou órfão
Nem missa no dia sétimo,
Nem um ano depois, nem sete
Se fale da mão que pousou a pena,
Da cabeça que pendeu,
Do coração que descansou,
Da voz que se calou.

Minha alma se integrará ao vento,
Ele será a minha voz no mundo.
Se quiseres a ouvirás à noite
Nas canções da chuva,
Nos assobios das árvores,
No silêncio das ruas encantadas
Onde eu passei sem deixar recado.
Se te esforçares poderás ver-me
Quando a noite for caindo
E a tua guarda se abaixar.

Mas será só por um instante.
Existem leis nessas fronteiras
Onde os nossos sopros se separam
E só permitem o tênue encontro
Das lembranças que restaram
Nos corações que se ofereceram
Em holocausto á Amizade.

Mas se quiseres ainda um carinho
Deixa o vento roçar teu rosto.
É um beijo que eu te mando
Pelos lábios da Eternidade.

(João Anatalino)

Um comentário:

Elaine Freitas disse...

Olá!

Gostei de estar por aqui...
Gosteide suas palavras e a maneira que as vezes brinca com elas, isso tornou seu cantinho especial!

Beijos iluminados!